segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Quem nunca foi vilão? - Felipe Luno



Todos temos certo potencial para ser vilões. Basta uma frase equivocada, não responder a algumas ligações, não corresponder às expectativas dos outros. Pode ter certeza. Você já foi a pessoa má, insensível e ingrata da vida de alguém mesmo sem querer.
Relacionamentos novos só começam porque antigos terminaram. Para quem foi excluído dessa equação pode parecer que foi você quem praticou o ato de vilania. Pense nos foras que já deu, nos amigos que decidiu não ver mais, nas cartas de amor a que não respondeu.
Nem sempre somos os mocinhos de nossa própria história. Na procura pelo príncipe encantado é possível pisar em alguns sapos sem perceber. Isso não significa ser mau-caráter.
Reconhecer que podemos virar persona non grata para alguém é o que faz reavaliar o papel do vilão. Talvez a bruxa que lhe faz mal seja apenas mais uma insegura diante de um espelho buscando autoafirmação. Não há como não se identificar com isso.
É nesse momento que o sapatinho de cristal vira um chinelo de dedo. Com os pés no chão não é preciso desejar um final feliz para todo mundo - e é possível compreender que vilões podem ser só pessoas tão comuns quanto você e eu.


Texto de Felipe Luno, extraído da Revista Gloss (edição de abril de 2011).

Incrível como é difícil compreender as atitudes alheias quando somos as "vítimas"! Mas nunca paramos para pensar que também já agimos da mesma forma com outras pessoas. Por que encaramos a rejeição de maneira tão dramática, mas consideramos natural quando rejeitamos alguém que não nos agrada? Complicado responder, não é? Eu também acho. E por isso acho que vale a pena refletir no texto acima. Vilania é algo comum a todos, não podemos negar.

É isso!